O AMOR A DEUS: FUNDAMENTO DA VIDA CRISTÃ

Um dos grandes exemplos que podem mostrar a todo o mundo a veracidade do amor que os homens tem a Deus, sem dúvidas, é o testemunho que vários homens e mulheres na história da humanidade deram a todos os seres humanos doando a própria vida pela fidelidade ao projeto de Cristo de salvar a todos do pecado e da morte e conduzi-los a uma vida plena na graça de Deus. Esse ato de doar a vida sem sombras de dúvidas é motivado pelo grande amor que Deus tem a cada um como filhos, tornando possível pela redenção que eles tenham acesso às coisas sagradas e à graça divina, que é abundantemente dispensada por Deus a cada homem em específico.

            Grande prova desse amor de Deus direcionado aos homens se devem à própria criação do mundo e da raça humana, como também, mesmo depois da traição humana, as várias alianças formadas por Ele com o seu povo para guia-los no caminho da fé e da esperança. De modo extraordinário e magnífico, unicamente na história a Nova e Eterna Aliança foi o selo final e perpétuo do Amor doado aos homens: a oferta de Cristo na Cruz. Doando a sua própria vida, Cristo mostra que Deus é capaz de ir até os limites da existência para salvar a humanidade dos caminhos errantes e das trevas, da vida do pecado e da escravidão do mal.

            Sendo ele infinito, onipotente e eterno, por que Deus precisa do amor dos homens? Deus quando doa o seu amor, não espera essa resposta humana por carência ou porque ele precisa dessa retribuição para ser Deus. O caminho que Deus toma ao pedir aos homens que O ame é justamente por entender que o Amor divino é capaz de tornar o homem no melhor de si, em um ser perfeito. O mandato de Jesus no Evangelho segundo Mateus é o de que: “Sede vós, pois, perfeitos como é perfeito o Vosso Pai, que está nos céus” 5,48. É por querer sumamente o bem de cada ser humano, por querer que eles se salvem, que Deus quer também que eles O amem profundamente. E assim foi o que aconteceu e acontece na história da humanidade.

            É dentro dos âmbitos da liberdade que Deus espera de cada homem e de cada mulher uma resposta de amor, aderindo, assim, ao seu projeto de salvação da humanidade. Uma vez selada na Cruz a redenção, depende de cada ser humano tomar para si ou não esse presente, essa graça ofertada por Deus. A resposta de amor só é possível dentro dos parâmetros da liberdade de cada homem, no seu íntimo, em sua escolha.

            É nesse momento que surge uma pergunta essencial para a vivência como filhos que aderem a esse projeto de amor do Pai: como deve ser essa resposta de amor a Deus? Mais uma vez, essa resposta só pode surgir da individualidade e da liberdade que cada homem que vive nesse mundo. Cada um é responsável por essa resposta. Sendo assim, essa vivência do amor divino deve permear toda a vida do homem. Quem ama, não ama pela metade, pelo contrário, se joga no amor com todo o corpo e toda a alma, e vai assim completando aquilo que é o fundamento do amor: se doar pelo amado.

            Por isso fica fácil entender o porquê de tantos homens e mulheres que enfrentando seus medos e inseguranças disseram o seu sim a Cristo na hora da perseguição, da luta e da tentação, mas também nos momentos felizes, de paz e de alegria souberam dar a Cristo o devido valor e reverência. A santidade é essa resposta de amor que o homem dá a Deus. Por isso a completude da vida deve estar orientada para as coisas do céu. No Evangelho de Mateus, Jesus disse aos seus discípulos: “porque, onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração” 6,21 .É indissociável a vivência cristã da santidade com o amor a Deus. É impossível amar a Deus se não se busca ser melhor a cada dia, e mesmo com os erros se colocar firmemente no propósito de melhora, de superação, de empenho e de força para alcançar este objetivo que é amar.

            Amar a Deus significa abrir o coração às bençãos que ele oferece, se propor a vencer todo o mal, pecado e vício que habita dentro de nós, e com a bondade que vai brotando do coração, ir pelo mundo transformando-o em um lugar melhor, que conheça a Cristo e que se destaque o espírito da caridade evangélica de amor aos irmãos e às coisas divinas. É um ciclo, que se bem exercido, é capaz de transformar o coração do homem que – ainda que tão duro pelo pecado - vai se abrindo à graça de Deus. Ser amado por Deus é ser motivado a ser diferente no modo de ser e de se relacionar primeiramente com Ele próprio, mas também com os outros e com o mundo. Um bom católico, que entendeu como é ser um bom cristão e como viver bem a atitude evangélica de Cristo, sabe que para exercer sua fé com dignidade e maestria é preciso amar a Deus (porque também é amado), amar o próximo e fazer o bem na realidade em que vive segundo o que Cristo ensina.

            Madre Teresa de Calcutá, ao ser motivada a falar sobre a caridade, disse ao Monsenhor Angelo Comastri: “Meu filho, sem Deus somos demasiado pobres para ajudar os pobres. Lembre-se: eu sou apenas uma pobre mulher que reza. Rezando, Deus coloca o Seu amor em meu coração, e assim posso amar os pobres. Rezando!” O amor a Deus é o fundamento da vida cristã. É esse amor real, sincero e até às consequências que dá os frutos de uma existência humana cristã cheia de vida, de sentido e de entusiasmo para viver bem o mandato de Jesus no Evangelho e realizar o seu plano de salvação em todos os homens e em todo o homem.

            Que cada um dos filhos de Deus não perca o tempo de sua vida sem amar a Deus, que não mede esforços para nos ver livre da escravidão do pecado e da morte, mas, sim, quer realizar a salvação, a glória e a graça em cada um destes. Que nós sejamos mais abertos à graça de Deus, e em cada dia possamos fazer o propósito de realizar a vontade de Deus em nossa vida.

 

Jonas Marciel Assis

 

 

"Senhor, poderias ter programado nossas reuniões e construir nossos lares,

dar-nos filhos já educados, e netos, em número pré-decidido.

Poderias ter contado nossos beijos e regulado nossos abraços,

conduzido nossas mãos às mãos de nossos irmãos,

fazendo, assim, florescer, sobre uma terra de sonho,

casais unidos para sempre, amizades forçadas,

uma paz imposta.

Mas somos Homens, de pé, livres,

e responsáveis pela Humanidade.

 

Senhor, obrigado!

Pois não quiseste fazer de nós bonecos de carne,

submissos, entre teus dedos ágeis,

mas filhos queridos, ricos de vida recebida,

que escolhem amar

ou se recusam a amar.

...

Foi então, Senhor, que, para nos salvar, sem matar a liberdade,

Enviaste teu Filho, homem como nós,

de pé, e livre.

...

Senhor, eu te amo, porque essa assustadora

liberdade que tanto nos faz sofrer,

é a maravilhosa liberdade que nos

permite amar."

Michel Quoist

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