A quê podemos comparar o Reino de Deus? Ao ouro e a prata, que nos fascinam por sua beleza, por sua imponência diante dos outros metais, por seu valor financeiro que muitas vezes impede que muitos possam possuí-los? Creio que não podemos comparar o Reino de Deus com o ouro ou com a prata! É certo que o Reino de Deus também fascina aqueles que o conhecem, também deixa hipnotizados aqueles que contemplam sua imponência ou o seu valor! Mas a essencial diferença entre o Reino de Deus e o ouro ou a prata é a riqueza da sua simplicidade, a imponência de sua disponibilidade e a beleza de seu amor. Como podemos perceber, as riquezas deste mundo nos encantam pela embalagem, mas o conteúdo é vazio, sem vida e sem verdade, seu valor é passageiro e ilusório. Já o reino de Deus se esconde atrás das atitudes mais corriqueiras da vida: o carinho, o amor, a doação e muitas vezes, infelizmente, passa desapercebido no tumultuo dos shoppings centers das grandes metrópoles ou do frenético apego aos ídolos deste mundo. Muitos se esqueceram, não veem, não escutam e não sentem o chamado de Deus ao seu Reino. Mas em meio a tanto barulho, existem aqueles que param... ouvem... enxergam... sentem o chamado de Deus e deixam tudo, “por causa de um certo reino”! Quem são estes? São todos aqueles que veem no evangelho de Jesus Cristo um plano de vida e ação, que percebem na Igreja um caminho de serviço e liberdade, estão nas famílias, nos lares, nos conventos, nos mosteiros, nas comunidades religiosas ou nas paróquias a apascentar o povo de Deus.

            Por causa deste Reino, homens livres se despem da miríade de alternativas e possibilidades em suas vidas, como que deixando todo o seu tesouro para conquistar a pérola mais preciosa de todas, como recordamos a fascinante parábola no Evangelho de Mateus (cf Mt 13,45-46), doando-se totalmente ao serviço do Senhor neste mundo. Queremos, neste mês vocacional, fazer memória aos Presbíteros da Igreja, os padres que se dedicam a multiplicar e espalhar a mensagem de Amor do nosso Deus no mundo, muitas vezes, dilacerado em discórdias, competições e desamor. Como outrora Jesus convidou Pedro e André a largarem suas redes na beira do mar para serem pescadores de gente (cf Mt 4,18-20), ainda hoje Nosso Senhor infunde nos corações de tantos homens este chamado e espera uma resposta clara e objetiva. Muitos são os que audazmente respondem prontamente a este chamado, como naquele dia fez Pedro e André, deixando suas redes à beira da praia e seguindo o Mestre, também eles deixam seus lares, seus antigos costumes, outros propósitos, outras oportunidades e se arriscam nos braços de Deus, deixando-se modelar pelo verdadeiro oleiro da vida e se tornam autênticos profetas.

Deus nos chama incessantemente nas coisas mais simples da vida é preciso não estar desatento, distraído, iludido com as luzes, cores e propagandas efêmeras do mundo e silenciar o coração, deixando com que a voz de Deus ressoe em nossa vida! Enfim... a decisão é sua! O Senhor convida, basta ter coragem para dizer sim e encarar com fé os desafios e obstáculos a serem superados.

Recordando aquela antiga música do Pe. Zezinho: “por causa de um certo reino, estradas eu caminhei, buscando sem ter sossego o reino que vislumbrei”, hoje muitos perguntam sobre este certo reino e, com alegria, os padres podem responder sem medo e com muita propriedade: “Eu digo pensando nele: no meio de vós está! O reino que andais buscando quem tem amor compreenderá!” Basta amar para encontrar o verdadeiro tesouro da graça, do amor e da misericórdia infinitas de Deus.

Pedimos à Maria que sempre custodie os padres que nos acompanham e que estão conosco nos instruindo e nos ensinando a construir o Reino de Deus nesta vida!

Texto escrito pelo seminarista Elissandro José, pertecente ao Seminário Diocesano São Tiago, em Juiz de Fora.